Sim, era um fim de tarde e não era fria. Lá estava ela sentada naquela praça. Já havia sentado em outras. Já havia tido conversas. Já tinha sentido o que não queria sentir. Já havia encontrado o inesperado. Uma dança havia acabado. Ele, que tinha sentimentos por ela se aproximou...
- oi, moça... está bem?
- não
- quer conversar?
- não. Eu preciso ficar sozinha.
(silêncio)
- Eu fico puto mas eu entendo. Fica bem.
- sim, decerto amanhã estarei. Basta eu dormir...escrever, basta chorar, basta amanhecer.
- Eu não sei como agir.
- Não se preocupe. Amanhã eu estarei por perto. Hoje eu não faria bem pra você.
- Posso te acompanhar até o ponto de ônibus?
- Não. Já disse. Eu quero ficar sozinha.
- Certo. Tchau.
Ela sem olhar para trás foi caminhando e se perguntando o porque de algumas pessoas se recuzarem a sentir o vir dos sentires. Pouco depois, quando já se encontrava perto do ponto de ônibus virou o rosto e viu o rapaz cheio de ansiedades correndo para de novo encontrá-la. Ela virou e quase murmurando perguntou:
- O que houve?
- Não se preocupe, não vou te acompanhar. Eu só precisava fazer isso. Quer um trago?
- Isso o que?
- Isso.
(Ele parou. A olhou. Um olhar que durou uma eternidade de segundos.)
- Entendo. Isso foi a melhor coisa do meu dia. Obrigada.
- Eu não fiz isso só por você. Eu precisava. Alívio agora.
- Certo. Vou indo.
Ela sai caminhando numa lentidão que quase doía. Ele, depois de alguns segundos quase gritou:
- Adoro você
Ela olhou, ensaiou um sorriso e quase na mesma altura respondeu:
- Eu gosto de você.
O ônibus estava vindo. Ela teve que correr.
E. Alvarez