Para me proteger de mim mesma, eu vivo fugindo das gotas de chuva que tentam me inundar.
Às vezes a gente acorda com a alma tão recheada de coisas do dia-a-dia, que esquecemos das chuvas que de vez em quando acontecem dentro da gente. As chuvas internas são as mais devastadoras.São do tipo torrenciais. Pois é, são aquelas que ocorrem quando chove bastante num curto período de tempo sobre uma pequena área. Não há guarda-chuva que as impeça. É inevitável. Pergunto-me apenas como cuidar dessas pequenas áreas expostas à tais chuvas. Tão difícil é cuidar disso com a vida que a gente leva. A vida que não é como a gente pinta. A vida maquiada.O problema é que quando chove a maquiagem derrete.
A chuva vem sempre que a gente pensa na nossa vida EU. Assim chamo e explico que a vida que chamo de nossa vida EU é aquela que existe na parte mais bonita da gente.Ai, ai, como chove quando a gente pensa nessa vida fantasiosa, irreal e quase intocada.
É assim. A gente sempre está exposto ao sol na maioria das vezes. Assim penso desse lado aqui da cidade. Vivo escrava do sol. Ele está grudado em mim e raramente penso nas chuvas. Evito. Deixo o sol me queimar às vezes. Não sei nem onde anda meu protetor solar. Até penso no frio que me falta mas vivo fugindo das possibilidades de chuva. Não quero me molhar pois cada gota de chuva que me atinge, me faz lembrar da vida que sou eu mas não é minha. Falo da que é intocada. As gotas doem tanto quando batem que fazem o coração ficar encharcado. É isso, um coração encharcado de chuva.
Diante dessas chuvas torrenciais, que me invadem esporadicamente, eu acabo me perguntando o que fazer.Fecho a janela? Saio correndo? Grito? Deixo as gotas caírem? Deixo meu coração ficar encharcado? Mas e depois? Quem vai me maquiar novamente?
E.Alvarez
Um comentário:
Sim...
"Meu caminho é cada manhã
Não procure saber onde vou
Meu destino não é de ninguém
Eu não deixo os meus passos no chão
Se você não entende, não vê
Se não me vê, não entende
Não procure saber onde estou
Se o meu jeito te surpreende
Se o meu corpo virasse sol
Minha mente virasse sol
Mas só chove chove
chove chove..."
(Kiko Zambianchi)
Essa chuva torrencial é bem comum a quem escreve. Por isso temos Brain storm. E você tá escrevendo mais.
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