segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Ebriedade

Vamos gritar poemas de amor em noites dilaceradas.
Vamos escrever com sangue o desejo de amar.
Vamos dormir de braços abertos nas ruas em noite chuvosa na esperança que alguém apareça com um resto de beijo e com o sexo pulsando.
Vamos escrever tomados por instinto animal e ir de encontro as cartarses das nossas almas.
vamos em busca das epifanias, das cores, dores, sabores e amores.
Vamos sentir o simples.
Vamos sair correndo nús em noite fria, loucamente embriagados pelas nossas dores e temores.
Vamos expelir desejo pelos nossos poros entupidos de poeira de uma sociedade doentia.
Vamos gritar as nossas verdade mofadas.
Vamos ficar em silêncio diante da voz erótica da cantora bêbada.
Vamos chorar a volta de Ulisses à Ítaca e nos tocar sensualmente lembrando da noite de amor com a sua sedenta Penélope.
Vamos andando sem saber até aonde ir.
Vamos tomar café, acender um cigarro e ficar em silêncio.
Vamos comigo porque eu já não sei ir só.

E.Alvarez

4 comentários:

Dionísio e a Revolução do Orgasmo disse...

Receitas simples para almas selvagens...
tocarmos flauta para a lua depois do jantar...
comer pétalas de sombras & amores dilacerados nos jardins da inocência borrada
dançar ao redor do vento suspirando palavras sem conexão...
adorar o deus-momento!

Faz me lembrar os tempos de vadiagem, andando com Cézar, Manassés, Hallan Barba, Marcelo & outros intrusos obtusos da noite...

Faz-me lembrar o cosmológico mistério da diferença que brota como um cogumelo no estrume ao sol... faz-me lembrar do cheiro pútrido das cartas de amor que escrevi & queimei para o bem de minh'alma... faz-me lembrar o zumbido vulcânico de meu doce aquiescer diante das coisas da vida... VIDA SEM FATOS...

faz-me lembrar que o silêncio contém mistérios que a razão não pode pensar...
faz-me sentir que em minha fisiologia cresce um dragão de asas infantis bebendo o néctar das tulipas brancas manchadas de cores venenosas...

faz-me ver que meus olhos vêem além de mim...

Anônimo disse...

o texto todo grita
mas a palavra mais forte nao é "dilaceradas", "sexo pulsando", "poros entupidos" ou "epifanias"... a palavra qu e transforma mais é o verbo ir... o sentido de sair do lugar, movimento... VAMOS

karliny disse...

Que magnífico... o blog me pediu pra escolher uma identidade... maravilhoso, escolho Clarice Lispector, serei ela agora (não pelo que escreverei, escolho porque foi a primeira pessoa em que pensei quando li), e deixo ao relento o registro do meu extremis prazer em ler... 'isto'. Deixo minha dor, meu medo do claro e do escuro, minhas necessidades insolúveis, meus axiomas, minha verdade doída, minha mentira veraz... o meu amor por você. Eu realmente não sei o que dizer, como fazer jus ao que acabei de ler, então, tenta sentir, tenta sentir o que me fizestes sentir... sabes de mim o que me destes... queria que você se "visse" com meus olhos... queria que você se experimentasse através de mim, este seria meu presente, minha retribuição. Com Amor: Clarice Lispector.

Cla disse...

mais uma vez,parabens pelo texto!
esse vou copiar e guardar,não sei nem se pode!hehe